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sábado, 9 de abril de 2011

Você tem fome de quê?

A vida não se resume a política. A diversão não é só TV ou bar. À curiosidade não bastam as notícias. O Xiquexiquense precisa ser completo, e para tanto falta a cultura, a arte e a poesia. Isso traz beleza para uma vida feita de lutas e desafios. Traremos, então, a partir de agora sempre uma gravura marcante e uma poesia bonita. Não precisa buscar explicação nessas coisas, basta deixar-se emocionar. Isso também é ser humano. Hoje temos a poesia de Carlos Drummond de Andrade e a pintura de Cândido Portinari tratando da brasilidade. Apreciem sem moderação.

TAMBÉM JÁ FUI BRASILEIRO

Eu também já fui brasileiro 
moreno como vocês. 
Ponteei viola, guiei forde 
e aprendi na mesa dos bares 
que o nacionalismo é uma virtude. 
Mas há uma hora em que os bares se fecham 
e todas as virtudes se negam.
Eu também já fui poeta. 
Bastava olhar para mulher, 
pensava logo nas estrelas 
e outros substantivos celestes. 
Mas eram tantas, o céu tamanho, 
minha poesia perturbou-se.
Eu também já tive meu ritmo. 
Fazia isso, dizia aquilo. 
E meus amigos me queriam, 
meus inimigos me odiavam. 
Eu irônico deslizava 
satisfeito de ter meu ritmo. 
Mas acabei confundindo tudo. 
Hoje não deslizo mais não, 
não sou irônico mais não, 
não tenho ritmo mais não.