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domingo, 19 de junho de 2011

Você tem fome de quê?

A vida não se resume a política. A diversão não é só TV ou bar. À curiosidade não bastam as notícias. O Xiquexiquense precisa ser completo, e para tanto falta a cultura, a arte e a poesia. Isso traz beleza para uma vida feita de lutas e desafios. Traremos, então, a partir de agora sempre uma gravura marcante e uma poesia bonita. Não precisa buscar explicação nessas coisas, basta deixar-se emocionar. Isso também é ser humano. Hoje, encerrando a semana de aniversário da cidade, temos a poesia de Repentista da Marreca e a fotografia crítica de Karine Ane Teixeira. Apreciem sem moderação.


Todos eles brasileiros
Nilson Machado e Roldão
e o filho do "véi Manim"
Seu Luizim preste atenção...
Será que não se trata
De um deles chamado Jefâo?

Desde que saí da Marreca
Ao deixar quem me amou
No Buzú daqueles tempos
A memória não se apagou
Pela estrada do feijão
Cheguei em Salvador.

Na Capital do nosso Estado
Eu cheguei, não quero ficar
Meu coração é do Velho Chico
A Ipueira é o meu lugar
Minh'alma é barranqueira
Não gosto da beira do mar...

Passear pela Avenida,
Ao lado de uma morena
E na Ilha do Miradouro
Rezarei uma novena
Na igreja de Santana
Minha graça será plena.


domingo, 12 de junho de 2011

83 anos: cantadores de Xique-xique.

Já não há dúvida que estar em curso na nossa cidade um revolucionário movimento de comunicação social através dos blogs. Ao que parece, o Blog do Zeca, acompanhado do Xiquesampa, deram início a essa era. Depois desse começo, voltou ao ar o tradicional Jornal A Voz com o seu blog on line. Ainda existe o jornal Página Revista, que também é publicado em impressos. Até o atual prefeito aderiu à onda. 

Pois bem. Um dos grandes momentos desse movimento aconteceu nos comentários do Blog do Zeca. Referimo-nos às trovas dos cantadores de Xique-xique, em especial, Jefão Meira e Repentista da Marreca. Para homenageá-los, reproduzimos a abaixo uma bela poesia do modernista Manuel Bandeira. Em seguida, segue um exemplo dessa "disputa" rimada entre esses dois xiquexiquenses que ilustra o rico momento de cultura local. Parabéns, rapazes. Vocês engrandecem nossa cidade, cantando-a em rima e prosa.


Cantadores do Nordeste,

de Manuel Bandeira

Anteontem, minha gente,
Fui juiz numa função
De violeiros do Nordeste.
Cantando em competição,
Vi cantar Dimas Batista
E Otacílio, seu irmão.
Ouvi um tal de Ferreira,
Ouvi um tal de João. 

Um, a quem faltava o braço,
Tocava cuma só mão;
Mas, como ele mesmo disse
Cantando com perfeição,
Para cantar afinado,
Para cantar com paixão,
A força não está no braço:
Ela está no coração.

Ou puxando uma sextilha
Ou uma oitava em quadrão,
Quer a rima fosse em inha,
Quer a rima fosse em ão,
Caíam rimas do céu,
Saltavam rimas do chão!
Tudo muito bem medido
No galope do sertão.

A Eneida estava boba;
O Cavalcanti, bobão,
O Lúcio, o Renato Almeida;
Enfim, toda a Comissão.
Saí dali convencido
Que não sou poeta não;
Que poeta é quem inventa
Em boa improvisação,
Como faz Dimas Batista
E Otacílio, seu irmão;
Como faz qualquer violeiro
Bom cantador do sertão,
A todos os quais, humilde,
Mando a minha saudação.




Repentista da Marreca disse...
Hoje é uma terça-feira
depois do dia de finado
trabalhei feito abestado
pra dar folga a Jefão Meira
o falador do lusitano
que pra mim era baiano
veio fingir na ipueira
Repentista da Marreca disse...
Jefão tu se recorda
das aulas na academia
quando de mim tu fugia
dos meus golpes de judô?
Se lembra, seu infeliz
Que te fiz uma cicratiz
Num IPPON de professor?

( meu mestre Jefão Meira foi, ou ainda é, um grande esportista do judô, os versos são apenas zoeira
de um amigo do Jefão)
Jefão Meira disse...
Nos finados trabalhei
meu amigo repentista
passei defunto em revista
no cemitério eu orei
quanto ao grande Pessoa
falar dele é uma boa
sua obra eu estudei
Jefão Meira disse...
meu caro amigo judoca
desse ippon num tô lembrado,
sei que dei muita queda
em muito caba arretado
um deles foi um marrequeiro,
com um golpe bem ligeiro
o deixei desacordado

Um grande abraços aos companheiros de luta
que jamais deixarão de ser atletas na difícil luta da vida.


sábado, 7 de maio de 2011

Você tem fome de quê?

A vida não se resume a política. A diversão não é só TV ou bar. À curiosidade não bastam as notícias. O Xiquexiquense precisa ser completo, e para tanto falta a cultura, a arte e a poesia. Isso traz beleza para uma vida feita de lutas e desafios. Traremos, então, a partir de agora sempre uma gravura marcante e uma poesia bonita. Não precisa buscar explicação nessas coisas, basta deixar-se emocionar. Isso também é ser humano. Hoje temos a poesia de Cecília Meireles e gravuras publicadas na 1ª edição do livro da poeta. Apreciem sem moderação.


Ou Isto Ou Aquilo

Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.


sábado, 9 de abril de 2011

Você tem fome de quê?

A vida não se resume a política. A diversão não é só TV ou bar. À curiosidade não bastam as notícias. O Xiquexiquense precisa ser completo, e para tanto falta a cultura, a arte e a poesia. Isso traz beleza para uma vida feita de lutas e desafios. Traremos, então, a partir de agora sempre uma gravura marcante e uma poesia bonita. Não precisa buscar explicação nessas coisas, basta deixar-se emocionar. Isso também é ser humano. Hoje temos a poesia de Carlos Drummond de Andrade e a pintura de Cândido Portinari tratando da brasilidade. Apreciem sem moderação.

TAMBÉM JÁ FUI BRASILEIRO

Eu também já fui brasileiro 
moreno como vocês. 
Ponteei viola, guiei forde 
e aprendi na mesa dos bares 
que o nacionalismo é uma virtude. 
Mas há uma hora em que os bares se fecham 
e todas as virtudes se negam.
Eu também já fui poeta. 
Bastava olhar para mulher, 
pensava logo nas estrelas 
e outros substantivos celestes. 
Mas eram tantas, o céu tamanho, 
minha poesia perturbou-se.
Eu também já tive meu ritmo. 
Fazia isso, dizia aquilo. 
E meus amigos me queriam, 
meus inimigos me odiavam. 
Eu irônico deslizava 
satisfeito de ter meu ritmo. 
Mas acabei confundindo tudo. 
Hoje não deslizo mais não, 
não sou irônico mais não, 
não tenho ritmo mais não.