Hoje é um grande dia para o Brasil. Entra em vigor a Lei de Acesso à Informação e está sendo instalada a Comissão da Verdade. Juntas, elas
ajudam a construir um país mais transparente, mais democrático e,
portanto, melhor. São conquistas da sociedade.
Pela nova lei, todo cidadão, inclusive jornalistas e acadêmicos, terão o
direito de reivindicar documentos do Executivo, do Legislativo e do
Judiciário, ou seja, desde aqueles que nos informam sobre relações
internacionais até detalhes de financiamentos de campanhas.
E a nova comissão vai sistematizar as informações já existentes, que são
fartamente conhecidas, e juntá-las a novas para mostrar o que de fato
ocorreu durante as ditaduras no Brasil. Por uma questão tática,
acordou-se colocar no texto da lei as outras ditaduras, mas o foco,
obviamente, é a de 1964.
Há uma corrida aos documentos e às informações de todas as áreas e há
uma euforia com a Comissão, a ser instalada em clima de festa. Mas,
atenção, isso é só o começo.
A partir de agora, é pressionar os órgãos e agentes públicos para
realmente garantir o acesso à informação, o que significa romper uma
cultura secular e não vai ser fácil. E é preciso acompanhar com atenção o
debate, já iniciado via jornais, sobre os alvos da Comissão da Verdade.
Os integrantes não estão se entendendo.
Eles são um time de primeira qualidade. Gilson Dipp, José Carlos Dias,
Cláudio Fontelles,José Cavalcanti Filho e Rosa Maria Cunha(ex-advogada
de Dilma), da área jurídica, Paulo Sérgio Pinheiro, militante de
Direitos Humanos, a psicanalista Maria Rita Kehl.
Tudo indica um grande trabalho, mas eles precisam, antes, se entender.
Um diz que é para apurar tudo o que houve, outro, que é para investigar
torturas e torturadores. O melhor é simplesmente contar o que houve,
ponto. A verdade é a verdade. O resto é meia verdade.
Eliane Cantanhêde, jornalista, é colunista da pág. A-2 da Folha e da Folha.com, onde escreve às quartas-feiras. É também comentarista do telejornal "Globonews em Pauta" e da Rádio Metrópole da Bahia.
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