segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Um horror em Jussiape, Bahia

Caçador de pequenos animais, um comerciante decidiu se vingar dos rivais de um antigo prefeito ficha suja do interior da Bahia. Com revólver e espingarda em mãos, três cinturões e uma bolsa cheia de balas, ele transformou Jussiape num cenário de terror. Matou o prefeito reeleito, a primeira-dama e um servidor. Os dois últimos foram baleados no meio da rua.

Antes de ser morto por um PM, o caçador também feriu um mototaxista e dois policiais militares, um deles com um tiro na cabeça.

O ataque de Claudionor de Oliveira, 43 anos, conhecido como Coló, ocorreu na manhã de sábado. Até o fim da tarde de ontem, o policial atingido na cabeça permanecia internado em estado grave.

Segundo relato de conhecidos, Coló estava revoltado com a reviravolta política da cidade nos últimos anos. Ele era um ferrenho cabo eleitoral de Wagner Neves, cassado pela Câmara Municipal em julho de 2010. Barrado pela Lei da Ficha Limpa, Neves lançou a mulher, Vânia (PMDB), como candidata neste ano.

Vânia foi derrotada pelo atual prefeito, Procopio Alencar (PDT). Coló não aceitou o que considerou uma traição, já que que Procopio era o vice de Neves e assumiu com a cassação do titular.

Para o caçador, Procopio deveria ter apoiado Vânia nas eleições. A derrota dela nas urnas, dizem, foi a gota d'água para a vingança.

CAÇADA PELAS RUAS

O primeiro a morrer foi o gerente local da empresa de saneamento do governo da Bahia, Oderlange Pereira, 46. Ele levou um tiro na cabeça na entrada de um bar.

Armado, Coló seguiu caminhando em direção à casa do prefeito. No caminho, encontrou a primeira-dama Jandira Alencar, 71. Atirou uma vez. Caída e ainda com vida, ela recebeu um segundo tiro.

Procopio, o prefeito que também trabalhava como médico no município de 8.000 habitantes no pé da Chapada Diamantina, foi morto em seguida no seu consultório.

Aos gritos, moradores assustados corriam para suas casas e trancavam as portas.

"Eu ia de carro e dei de frente com ele. Pediu que descesse e falou: 'Já matei três'. Não sei como não me matou", afirmou Expedito da Silva, 39.

"Parecia [o cangaceiro] Lampião", completou Silva, amigo de infância de Coló.

Dono de um quiosque na cidade, Coló fez refém um mototaxista, subiu na garupa e pediu que o levasse na casa de dois irmãos apoiadores do prefeito, que, por sorte, não estavam em casa.

Os únicos PMs do município apareceram. Um foi ferido com um tiro na perna. O outro correu para pedir reforço, que viria após 30 minutos.

Coló foi morto no centro de Jussiape por policiais de cidades vizinhas. Antes, feriu na cabeça um desses PMs.

"Ele vivia dizendo que ia fazer uma tragédia na cidade", afirmou o guarda municipal Jacinto dos Santos.

O governador Jaques Wagner (PT) esteve ontem em Jussiape para o velório do prefeito e da primeira-dama. Até amanhã, Jussiape terá, emergencialmente, 25 homens da Polícia Militar. Depois, ficará com dez PMs fixos, anunciou ontem o governo do Estado.

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