Já não há dúvida que estar em curso na nossa cidade um revolucionário movimento de comunicação social através dos blogs. Ao que parece, o Blog do Zeca, acompanhado do Xiquesampa, deram início a essa era. Depois desse começo, voltou ao ar o tradicional Jornal A Voz com o seu blog on line. Ainda existe o jornal Página Revista, que também é publicado em impressos. Até o atual prefeito aderiu à onda.
Pois bem. Um dos grandes momentos desse movimento aconteceu nos comentários do Blog do Zeca. Referimo-nos às trovas dos cantadores de Xique-xique, em especial, Jefão Meira e Repentista da Marreca. Para homenageá-los, reproduzimos a abaixo uma bela poesia do modernista Manuel Bandeira. Em seguida, segue um exemplo dessa "disputa" rimada entre esses dois xiquexiquenses que ilustra o rico momento de cultura local. Parabéns, rapazes. Vocês engrandecem nossa cidade, cantando-a em rima e prosa.
Cantadores do Nordeste,
de Manuel Bandeira
Anteontem, minha gente,
Fui juiz numa função
De violeiros do Nordeste.
Cantando em competição,
Vi cantar Dimas Batista
E Otacílio, seu irmão.
Ouvi um tal de Ferreira,
Ouvi um tal de João.
Um, a quem faltava o braço,
Tocava cuma só mão;
Mas, como ele mesmo disse
Cantando com perfeição,
Para cantar afinado,
Para cantar com paixão,
A força não está no braço:
Ela está no coração.
Ou puxando uma sextilha
Ou uma oitava em quadrão,
Quer a rima fosse em inha,
Quer a rima fosse em ão,
Caíam rimas do céu,
Saltavam rimas do chão!
Tudo muito bem medido
No galope do sertão.
A Eneida estava boba;
O Cavalcanti, bobão,
O Lúcio, o Renato Almeida;
Enfim, toda a Comissão.
Saí dali convencido
Que não sou poeta não;
Que poeta é quem inventa
Em boa improvisação,
Como faz Dimas Batista
E Otacílio, seu irmão;
Como faz qualquer violeiro
Bom cantador do sertão,
A todos os quais, humilde,
Mando a minha saudação.
Repentista da Marreca disse...
Hoje é uma terça-feira
depois do dia de finado
trabalhei feito abestado
pra dar folga a Jefão Meira
o falador do lusitano
que pra mim era baiano
veio fingir na ipueira
Repentista da Marreca disse...
Jefão tu se recorda
das aulas na academia
quando de mim tu fugia
dos meus golpes de judô?
Se lembra, seu infeliz
Que te fiz uma cicratiz
Num IPPON de professor?
( meu mestre Jefão Meira foi, ou ainda é, um grande esportista do judô, os versos são apenas zoeira
de um amigo do Jefão)
das aulas na academia
quando de mim tu fugia
dos meus golpes de judô?
Se lembra, seu infeliz
Que te fiz uma cicratiz
Num IPPON de professor?
( meu mestre Jefão Meira foi, ou ainda é, um grande esportista do judô, os versos são apenas zoeira
de um amigo do Jefão)
Jefão Meira disse...
Nos finados trabalhei
meu amigo repentista
passei defunto em revista
no cemitério eu orei
quanto ao grande Pessoa
falar dele é uma boa
sua obra eu estudei
meu amigo repentista
passei defunto em revista
no cemitério eu orei
quanto ao grande Pessoa
falar dele é uma boa
sua obra eu estudei
Jefão Meira disse...
meu caro amigo judoca
desse ippon num tô lembrado,
sei que dei muita queda
em muito caba arretado
um deles foi um marrequeiro,
com um golpe bem ligeiro
o deixei desacordado
Um grande abraços aos companheiros de luta
que jamais deixarão de ser atletas na difícil luta da vida.
desse ippon num tô lembrado,
sei que dei muita queda
em muito caba arretado
um deles foi um marrequeiro,
com um golpe bem ligeiro
o deixei desacordado
Um grande abraços aos companheiros de luta
que jamais deixarão de ser atletas na difícil luta da vida.
Gostei do nome do Blog
ResponderExcluirUm elo com minha origem
Em Londres, eu vi o fog
Em Xangai,muita fuligem
Em Paris,vi a cultura
Washington,grande poder
Roma,a história pura
Atenas, mãe do saber
Mas,onde houver um beradeiro
Agindo como cidadão e pense
Com senso crítico e ordeiro
Orgulho de ser Xiquexiquense
Mais uma do meu amigo de infancia jefão
ResponderExcluircopiei do eco enigma
REPETEANDO A ARTE
A arte está bem viva
Basta ter a inspiração
Às vezes cantando a diva
E o que sai do coração
Na poesia improvisada
A arte é emoldurada
No quadro de uma canção
Esperemos que o espaço
Não seja mais reduzido
Se o poeta andar descalço
Seu repente será fingido
Mas ,disse o grande Pessoa
O poeta é um fingidor,na boa!
O que sente não é percebido
Meu respeito aos repentistas
Onde aflora a inteligência
Aos cantadores e piadistas
Que desafiam até a ciência
No improviso ou na lembrança
A palavra, na rima, dança!
A poesia de pura essência
Jefão Meira (maio/2010)