quarta-feira, 20 de abril de 2011

O mundo em transformação.

Há pouco tempo vimos que o mundo continua a girar e a história ironicamente não chegou ao fim. As revoluções nos países mulçumanos mostraram que as necessidades da sociedade são mutáveis e que os governos têm que estar atento a elas, sob pena de sofrerem gravíssimas consequências. A derrubada de governos de décadas e que pareciam estáveis também é a prova viva de que a democracia continua sendo uma bandeira da sociedade. Outra conclusão é a de que os novos meios de comunicação, especialmente as redes sociais da Internet, passaram a ser fundamentais para a organização dos indivíduos com interesses em comum, o que impulsionou as manifestações por mudanças. 

Nessa semana voltamos a ter exemplo dessas transformações sociais de grande repercussão política. O governo de Cuba, um país que parecia ser imutável, está tentando se antecipar às demandas sociais. Não querem perder o bonde da história. Promoveram o 6º Congresso do Partido Comunista depois de 14 anos do último. Nele, ficou decidido promover alterações pontuais do modelo econômico, notadamente com a concessão aos indivíduos do direito de poderem ter iniciativa econômica. Na política, a atual governante, irmão de Fidel Castro, propôs que os mandatos sejam limitados a 10 anos. 

Esperamos, finalmente, que Cuba siga pelo menos o modelo da China, que abriu os mercados sem esquecer os fundamentos do socialismo. A crítica fica em torno do respeito pelos direitos humanos. Não é mais admissível em tais países que o povo continue sem o direito de contestar o Poder, seja através da Internet, da imprensa ou do Parlamento e do Judiciário. 

Seguem notícias publicadas no jornal Folha de SP e Zero Hora sobre o assunto.
Jornal Folha de São Paulo 
Cuba aposta em líder de 80 anos para renovar Partido Comunista
Ex-guerrilheiro Ramón Ventura será número 2; Fidel deixa cargo no partido após 5 décadas

Raúl Castro passa a ser primeiro-secretário e indica que velha guarda comandará processo de reformas econômicas
"Não é o perfeito, mas é o que podemos fazer por enquanto", disse ontem o ditador de Cuba, Raúl Castro, 79, ao ser confirmado como chefe máximo do Partido Comunista e informar que o novo número 2 da legenda é o também líder histórico Ramón Machado Ventura, 80.
O tom de justificativa de Raúl, no encerramento do 6º Congresso do PC, tinha um motivo: o anúncio de que será a "velha guarda" que comandará as reformas econômicas anunciadas para a ilha contrasta com a promessa de promover um "rejuvenescimento sistemático" do PC feita dias antes por ele mesmo.
O encontro histórico marcou a exclusão formal do líder da Revolução de 1959, Fidel Castro, do cargo que ocupava há décadas e que agora é de seu irmão Raúl: o de primeiro-secretário da legenda.
Veterano da guerrilha de Sierra Maestra, Ventura, que já era desde 2008 vice-presidente do país, é o segundo-secretário.
Fidel, 84, fez uma aparição surpresa na cerimônia. De abrigo esportivo, o ex-ditador -que, doente, deixou o poder em 2006- caminhou devagar até a mesa principal do encontro. Foi ovacionado, enquanto a TV estatal focava militantes às lágrimas. Não disse uma palavra.
Os delegados do PC ratificaram a escolha do novo núcleo duro do partido -o birô, com 15 membros- e da cúpula ampliada, o chamado Comitê Central, de 115.
Três novos nomes ascenderam ao birô, com destaque para Marino Murillo, 50, espécie de czar das reformas econômicas, e o novo ministro da Economia, Adel Izquierdo, 65.
Já no Comitê Central, a renovação foi maior: 59 dos 115 nomes. Raúl frisou o esforço de aumentar a representação de mulheres (de 41%) e de negros e mestiços (31%).
A força dos militares no governo do general e ex-ministro da Defesa Raúl sobressaiu nas listas das duas instâncias. No birô, nada menos que 40% são militares, e são eles que controlam as maiores holdings estatais, como a de turismo Gaesa. Também estão à frente de joint-ventures com capital estrangeiro em mineração.
Reeleição
O encontro do PC, o primeiro em 14 anos, foi convocado para discutir como salvar a ilha da crise econômica, mas ganhou relevância política com a renovação da legenda e a proposta de Raúl de limitar a dez anos o período de um dirigente no poder.
Um dos mais longevos ditadores da história latino-americana, Fidel Castro escreveu ontem que a ideia de limitar a reeleição lhe "agradou". Disse que nunca se preocupou pelo tempo que permaneceria no comando -47 anos- e que aceitou a posição "quase obrigado".
O Congresso do PC fez uma deferência ao maior aliado econômico e político de Fidel, Hugo Chávez.
Um texto do presidente venezuelano, que obteve aprovação popular para instituir a reeleição indefinida em seu país, abriu a cerimônia de ontem.
Jornal Zero Hora
Para onde vai Cuba
Após anunciar uma série de reformas socioeconômicas, o presidente Raúl Castro assume o cargo de primeiro secretário do PCC, no lugar do irmão Fidel.
Talvez na seguinte declaração do presidente de Cuba, Raúl Castro, esteja a senha para o que está por trás quando o país socialista deflagra uma série de reformas históricas, referendadas ontem pelo VI Congresso do Partido Comunista Cubano (PCC).
– O primeiro secretário tem como missão principal e sentido de sua vida defender, preservar e continuar aperfeiçoando o socialismo e não permitir o retorno do capitalismo – disse Raúl, 79 anos, que desde ontem é, também, primeiro secretário do partido único, substituindo seu irmão Fidel, 84.
A transição é simbólica, mas importante. Desde ontem, Fidel está afastado de todos os cargos oficiais, limitando-se a ser o que ele próprio define como “soldado das ideias”. Ele já havia deixado o comando do governo do país por motivos de saúde, em 2006. O segundo secretário do PCC agora é, também da velha guarda, o linha-dura Ramón Machado Ventura, 80 anos.
A ideia que Raúl passa é a de que, para fazer frente à crise socioeconômica que atinge o país, abriu mão apenas de alguns aspectos do socialismo. É a velha estratégia de vender os anéis para não perder os dedos.
Uma das medidas aprovadas foi a liberação da compra e venda de imóveis. Objetivo: enfrentar o déficit de centenas de milhares de residências em Cuba, com seus 11,2 milhões de habitantes. Outras ações que procuram aliviar a crise cubana são a possibilidade de comercializar carros e a permissão de criação de pequenos negócios privados em mais de 150 setores da economia, além do corte de 500 mil vagas no setor público.
O congresso comunista autorizou outras duas propostas do governo: a abertura de crédito à população em geral – inclusive para a construção de casas – e a ampliação da área de terras ociosas a serem concedidas em usufruto aos agricultores, desde que apresentem bons resultados.
– Com a venda de casas e carros, muita gente poderá ganhar um dinheirinho e usá-lo em novos negócios – disse Julio González, carregador de bagagens de 37 anos que trabalha no Centro Histórico de Havana.
Cerca de 90% dos cubanos são donos de suas casas, não pagam impostos por elas ou pagam aluguéis baixos, mas, até agora, não podiam vendê-las – apenas trocá-las. Mas a alegria é contida. O governo ainda precisa regulamentar essas reformas, o que fomenta as suspeitas de muitos de que em Cuba “nada é fácil”. Até agora, os cubanos também só podiam comprar carros com autorização do governo. A exceção eram os velhos carros americanos ainda em circulação na ilha, fabricados antes do triunfo da revolução de Fidel Castro, em 1959.
Entre as novas “experiências capitalistas” em Cuba, uma é a pizzaria Baldoquin’s Cafeteria, em Havana, aberta por Julio Cesar Hidalgo e sua namorada, Giselle de la Noval. O estabelecimento funciona na própria residência do casal.

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