terça-feira, 19 de abril de 2011

O Poder público e as Drogas lícitas.

Recentes pesquisas oficiais divulgadas ontem estão demonstrando que publicidade e fiscalização são fatores decisivos para o controle das drogas lícitas, no caso, álcool e tabaco. Aonde houve a interferência do Poder público, os índices de consumo diminuíram. Mas, quando se deixa livre a propagada e afrouxa a fiscalização, eles aumentam perigosamente. 

De fato, o MS (Ministério da Saúde) publicou ontem índices sobre o consumo abusivo do álcool e descobriu que ele está aumentando. Também pudera. A propaganda de cerveja é uma das mais ativas no mercado publicitário. Por outro lado, falta fiscalização a respeito do seu uso por parte dos menores de idade. Com relação ao cigarro, os números se invertem na proporção do rigor com a propaganda e do controle. O número de fumantes cai a olhos vistos. 

Uma das conclusões é que o Poder público, seja federal, estadual ou municipal, tem grande responsabilidade sobre esses índices. E deve agir não só na repressão como também na prevenção, especialmente dificultando a propaganda favorável ao consumo e aumentando aquela que informe os malefícios da droga. 

Sem dúvida, os adolescentes são os mais suscetíveis a essas medidas, tanto para o bem quanto para o mal. Isso porque são os mais influenciáveis, na medida em que estão saindo da tutela dos pais e passando a tomar mais partido sobre as informações do mundo. O problema é que o organismo deles ainda continua em desenvolvimento. Por conta disso, são os mais prejudicados pelos efeitos nocivos das drogas.

Em Xique-xique a realidade não difere da brasileira. Aqui o tabaco é pouco consumido, mas em compensação o uso abusivo do álcool é muito significativo, seja por jovens ou adultos. Isso não é bom, pois o excesso do álcool reflete necessariamente em índices de violência, o que não ocorre com o cigarro. De fato, medidas do Poder público que restringem o horário de abertura de bares sempre repercutem na diminuição de crimes violentos (homicídios e lesão corporal) na localidade. Além disso, o uso abusivo de álcool por levar ao alcoolismo, trazendo prejuízos ainda maiores para o indivíduo e para a coletividade. 

Por tudo isso, é necessário que o Poder público aja, se deseja ter uma localidade mais segura e saudável. Na nossa cidade, medidas como a publicidade sobre os efeitos do álcool durante as festas populares ajudariam no seu controle. No mais, é preciso aumentar a fiscalização por parte do conselho tutelar e da secretaria de saúde, inibindo que menores de 18 anos usem bebidas inapropriadas para a sua fase de desenvolvimento. Isso é comumente visto durante o carnaval da capital baiana.

Porém, O Xiquexiquense não verificou nas festas anteriores qualquer uma dessas iniciativas que poderiam ser tomadas pela PMXX (Prefeitura Municipal de Xique-xique) nas sedes de blocos ou nas ruas durante as maiores festas (carnaval e festa da cidade). Pelo contrário. É comum autoridades públicas municipais patrocinar as agremiações sem estabelecer qualquer condição para o uso do álcool. É hora, pois, de repensar tudo isso. Segue enfim a notícia a respeito do assunto publicada no Folha de SP de hoje.

Abuso de álcool cresce e tabagismo cai

Pesquisa do Ministério da Saúde mostra que consumo excessivo de bebida está aumentado mais entre as mulheres
Levantamento ouviu 54 mil pessoas; número de homens fumantes está em queda e o de mulheres, estável

O consumo abusivo de álcool está crescendo no Brasil, principalmente entre as mulheres. A constatação é de pesquisa divulgada ontem pelo Ministério da Saúde.
O levantamento foi feito a partir de 54 mil entrevistas por telefone com pessoas de mais de 18 anos nas 27 capitais do país. O percentual de brasileiros que bebem em excesso passou de 16,1% em 2006 para 18% em 2010.
O problema atinge mais os homens. Em 2010, 26,8% deles abusavam de álcool. Em 2006, eles eram 25,5%.
Foi entre as mulheres, no entanto, que se deu o aumento mais expressivo: a taxa passou de 8,2% para 10,6% nos últimos quatro anos. Com base em critérios da OMS (Organização Mundial da Saúde), o ministério considerou como consumo excessivo a ingestão de pelo menos cinco doses em uma mesma ocasião por mês para homens ou pelo menos quatro doses para mulheres.
Para Amadeu Roselli Cruz, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o aumento do consumo de álcool na população feminina está ligado à inserção das mulheres no mercado de trabalho e nas universidades.
"A igualdade de gênero se estende a campos positivos e negativos. Comportamentos que eram tidos como tipicamente masculinos passam a ser adotados pela mulher."
De acordo com Amandio Fernandes, membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, pesquisas mostram que o álcool aumenta o risco de câncer de mama, esôfago, boca, faringe e laringe.

TABAGISMO
A pesquisa do Ministério da Saúde mostra ainda que o tabagismo continua em declínio no país, mas tem encontrado resistência maior entre as mulheres, ainda que o número de fumantes seja superior entre os homens.
Entre 2006 e 2010, a proporção de fumantes caiu de 16,2% para 15,1%. Em 1989, quando o IBGE realizou uma pesquisa semelhante, o percentual era de 34,8%.
Nos últimos anos, no entanto, a queda se deu apenas entre os homens -de 20,2% para 17,9% de 2006 a 2010. Entre as mulheres, o número ficou estável em 12,7%.
Entre elas, aumentou o percentual das que fumam mais de um maço por dia -de 3,2% para 3,6%. Entre os homens, houve queda.
O tabagismo também preocupa entre a população com menor instrução. Pessoas que têm só o ensino fundamental são as que mais fumam -18,6%, contra 10,2% das que têm nível superior.

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